Rowell constrói em Eleanor & Park uma história de amor jovem, do primeiro amor, que luta contra todos os padrões clássicos e contemporâneos e busca realizar uma coisa diferente. Ao mesmo tempo, nos leva de volta aos anos 80, a um mundo pré-internet onde fazíamos mix tapes e trocávamos gibis. Ela cria, assim, uma história absolutamente irresistível que, não a toa, conquistou o mundo. Um best-seller.
Mas este não é um best-seller YA (Young Adult ou Jovem Adulto) qualquer. Temos, aqui, uma história realmente interessante da busca de dois jovens pelo seu lugar no mundo e pelo seu lugar na vida um do outro. Eleanor é a garota nova, que sofre bulling desde seus primeiros dias na nova escola (o próprio Park não é exatamente simpático com ela) e que vem de uma família complicada, para dizer o mínimo, com um pai ausente e um padastro extremamente abusivo. Park é o mestiço oriental que vem de uma família que, de longe, parece perfeita, mas que é, ao mesmo tempo, muito conservadora, o que gera uma série de conflitos.
No meio de tudo isso, Park e Eleanor se encontram, se desencontram, e se encontram de novo. Eles se descobrem, se revelam um ao outro, e nesse processo passam a conhecer e viver outros lados de si mesmos até então desconhecidos. Temos, desse modo, uma história que tem momentos fofos, mas também momentos bem sérios, dramáticos e dolorosos, todos muito bem balanceados com um humor único que em momento nenhum tenta minimizar a dureza da vida real.
Maíra Protasio
Escritora e mestranda em Filosofia da arte, vive desde sempre entre livros e cadernos. Vem publicando desde 2014 resenhas sobre suas leituras em seu blog: doquetenholido.wordpress.com
Os anos 80 foram pródigos deste tipo de estória, que a todos nós é capaz de deliciar.
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