Considerado, tanto pela crítica quanto pela própria autora, como o primeiro livro “em liberdade” de Virignia Woolf, O quarto de Jacob é uma pequena preciosidade. Delicado, envolvente e já bem moderno, comparado ao tipo de literatura que era produzida na época, O quarto de Jacob é absolutamente encantador.
Aqui vemos uma Woolf que já começa a explorar os novos caminhos que a levarão a algumas de suas obras mais icônicas, como Mrs. Dalloway. Vamos aos poucos conhecendo e desvendando as minúcias do personagem Jacob, que me conquistou desde as primeiras páginas. Ele é estranho e de uma sensibilidade impressionante, assim como de um impulso reflexivo marcante.
Um dos pontos mais interessantes do livro é o modo como Woolf faz uso da nossa ideia idílica da Grécia Antiga para dar voz aos anseios tipicamente modernos que passam a surgir na mente de Jacob.
Essa melancolia, essa submissão às águas escuras que nos cercam, é uma invenção moderna. Talvez, como diria Cruttendon, não acreditemos o bastante.
Maíra Protasio
Escritora e mestranda em Filosofia da Arte, vive desde sempre entre livros e cadernos. Vem publicando desde 2014 resenhas de suas leituras em seu blog: doquetenholido.wordpress.com